"(...)
Conatus é um tema central na filosofia de
Bento de Spinoza (1632–1677). De acordo com Spinoza, "cada coisa, à medida que existe em si, esforça-se para perseverar em seu ser " (
Ética, parte 3, prop. 6). Spinoza apresenta algumas razões para acreditar nisso. Primeiro, as coisas particulares são, como ele diz, os modos de Deus, o que significa que cada um expressa o poder de Deus em uma maneira particular (
Ética, parte 3, prop. 6, dem.). Além disso, nunca poderia ser parte da definição de Deus que seus modos contradigam um ao outro (
Ética, parte 3, prop. 5); cada coisa, entretanto, "opõe-se a tudo que possa tirar sua existência " (
Ética, parte 3, prop. 6, dem.). Esta resistência à destruição é formulada por Spinoza em termos de um esforço para continuar a existir, e
conatus é a palavra que ele mais usa frequentemente para descrever esta força.
[32]
O esforço de perseverança não é simplesmente algo que uma coisa faz, além de outras atividades, que pode acontecer de essa coisa se ocupar. Ao contrário, esforçar-se é "nada mais que a essência verdadeira da coisa" (
Ética, parte 3, prop. 7). Alguns estudiosos de Spinoza tomam esta frase para dizer que uma coisa é, em última análise, nada mais que um conatus.
[carece de fontes] Spinoza também usa o termo
conatus para se referir a conceitos rudimentares de
inércia, como Descartes fez anteriormente.
[2] Uma vez que uma coisa não pode ser destruída sem a ação de forças externas, movimento e repouso, também, existem indefinidamente até sua perturbação.
[33]
O conceito de
conatus, como usado na
psicologia de
Bento de Spinoza, é derivado de fontes tanto antigas quanto medievais. Spinoza reformulou princípios que os
estoicos,
Cícero,
Diógenes Laércio, e especialmente Hobbes e Descartes desenvolveram.
[34] Uma mudança significativa que ele fez na teoria de Hobbes é sua crença de que o
conatus ad motum, (
conatus para movimento),
não é mental, mas material.
[35]
Spinoza, com seu
determinismo, acreditava que o homem e a natureza devem ser unificados sob um conjunto consistente de leis;
Deus e a
natureza são um só, e não há
livre-arbítrio. Contrário à maioria dos filósofos de seu tempo e em acordo com a maioria dos filósofos atuais, Spinoza rejeitava a hipótese dualística de que mente,
intencionalidade, ética, e liberdade devem ser tratadas como coisas separadas do mundo natural dos eventos e objetos físicos.
[36] Sua meta era fornecer uma explicação unificada de todas estas coisas dentro de um quadro
naturalista, e sua noção de
conatus é central para este projeto. Por exemplo, uma ação é "livre", para Spinoza, somente se ela surge da essência e do
conatus de uma entidade. Não pode haver liberdade absoluta e incondicional da vontade, uma vez que todos eventos no mundo natural, incluindo as escolhas e ações humanas, são
determinadas de acordo com as leis naturais do universo, que são inevitáveis. No entanto, uma ação ainda pode ser livre no sentido de que não é restringida ou, de outra forma, sujeita a forças externas.
[37]
Seres humanos são, portanto, parte integrante da natureza.
[33] Spinoza explica o aparentemente irregular comportamento humano como verdadeiramente "natural" e racional e motivado por este princípio do
conatus.
[38] No processo, ele substitui a noção de livre-arbítrio pelo
conatus, um princípio que pode ser aplicado a toda a natureza e não apenas ao homem.
[33]
A visão de Spinoza sobre a relação entre o
conatus e os
afetos humanos não é clara.
Firmin DeBrabander, professor assistente de filosofia do
Maryland Institute College of Art, e
António Damásio, professor de
neurociência da
Universidade do Sul da Califórnia, argumentam que os afetos humanos surgem do
conatus e da condução perpétua em direção à perfeição.
[39] De fato, Spinoza declara em sua
Ética" que a felicidade, especificamente, "consiste de uma capacidade do ser humano de preservar a si mesmo ". Este "esforço" também é caracterizado por Spinoza como a "fundação da virtude".[40] Por outro lado, uma pessoa se entristece por qualquer coisa que se oponha ao seu conatus
.[41]
David Bidney (1908–1987), professor da
Universidade Yale, discorda. Bidney associa intimamente o "desejo", um afeto primário, ao princípio de
conatus de Spinoza. Este ponto de vista é apoiado pelo Scholium de IIIP9 da
Ética que declara, "Entre apetite e desejo não há diferença, exceto que desejo é geralmente relacionado aos homens na medida em que eles estão conscientes do apetite. Então desejo pode ser definido como o apetite junto com a consciência do apetite."
[2] De acordo com Bidney, este desejo é controlado por outros afetos, prazer e dor, e portanto, o
conatus se esforça em direção ao que causa alegria e evita o que produz dor.
[42] (...)"
Fonte: Wikipedia